subcultalk com o pintor Daniel Fermor-Smith de Granada, Espanha

Para este episódio de nossa série subcultalks, tivemos a alegria absoluta de conversar com o maravilhosamente talentoso pintor britânico Daniel Fermor-Smith, que chama a ensolarada cidade de Granada, na Espanha, de sua casa.

Daniel não é apenas um artista incrível - ele também é o anfitrião inspirador da Alhambra Painting Experience, um retiro de arte mágico de 5 dias que o convida a desacelerar, pegar um pincel e deixar a beleza da Andaluzia fluir para a sua tela.

Você pode solicitar esse retiro durante todo o ano, mas não se esqueça de entrar em contato com pelo menos um mês de antecedência. (Precisamos de um grupo aconchegante de pelo menos 4 almas criativas para torná-lo realidade).

La Experiencia de Pintura en la Alhambra – Retiro Artístico de 5 Días con Daniel en Granada, España

“Em casa, em meu estúdio”

1. O que é a arte que você faz?

A resposta mais simples é qualquer coisa que eu me sinta inspirado a pintar, desenhar ou imprimir. Portanto, se você visitar meu site, verá exemplos de trabalhos figurativos humanos, alguns deles relacionados a comentários sociais e outros com foco mais estético.

Além disso, você verá paisagens, retratos, o que chamo de arte mais decorativa (veja “A La Mucha” abaixo como um exemplo disso) e até mesmo um pouco de abstração.

Em 2023, também peguei o vírus da impressão, que agora compete com a pintura pelo meu tempo. Quanto às mídias, comecei usando acrílico, mas agora pinto predominantemente em óleo e aquarela, mas gosto de pastel e caneta e tinta também - na verdade, tento qualquer coisa, o que é, obviamente, uma das coisas maravilhosas sobre o mundo da arte - as possibilidades de tema e mídia são infinitas!

La Experiencia de Pintura en la Alhambra – Retiro Artístico de 5 Días con Daniel en Granada, España

“Salão dos Embaixadores (Alhambra)”, gravura em ponta-seca (intaglio fine point)

2. Como você encontrou seu caminho na arte?

Meu interesse por arte começou no meu primeiro ano de universidade em Londres, há trinta anos, quando uma manhã – não consigo lembrar exatamente o que me motivou, talvez algumas visitas à National Gallery – entrei em uma loja de materiais artísticos na Tottenham Court Road e comprei tintas a óleo. Usei esses materiais e fiz uma pequena exposição para meus amigos próximos no alojamento estudantil onde eu morava.
A partir daí, fui pintando de vez em quando, até que, entre 2002 e 2003, enquanto trabalhava como repórter de jornal em Devon, na Inglaterra, peguei uma febre de pintura daquelas.

3. Por que você continua praticando sua arte?

A resposta simples é: porque isso é quem eu sou.
Hoje posso dizer isso com confiança, depois de vinte e dois anos acordando todas as manhãs com vontade de pintar – é a coisa que eu mais quero fazer.
Há muito tempo percebi que o maior dom não é ter um talento nato, mas sim a vontade de fazer e continuar fazendo. Isso não dá pra fingir ou forçar; artistas de verdade têm essa vontade — e muita.

4. Qual foi o ponto alto da sua trajetória como artista até agora?

A jornada de um artista é feita de muitos pequenos momentos marcantes que mostram sua evolução, e claro, uma obra específica pode representar um desses destaques.
Para um artista profissional, imagino que esses momentos venham com exposições e reconhecimento público.

A minha trajetória nos últimos 22 anos não foi a de um artista profissional. Na verdade, durante boa parte desse tempo, tentei me afastar das preocupações comerciais – o que teve lados bons e ruins. Isso também fez com que os momentos de "compartilhar meu trabalho com o público" fossem mais raros.

Mesmo assim, há uma exposição que ficou marcada para mim. Curiosamente, aconteceu bem no começo, apenas dois anos depois que me mudei para Málaga, em 2005, e me deu muita satisfação.

Desde minha chegada a Málaga, em setembro de 2003, trabalhei intensamente pintando quadros com forte comentário social, usando acrílico. Fui recompensado com uma ótima exposição, copatrocinada pela Associação de Artistas de Málaga e pela "Diputación de Cultura de Málaga", em agosto de 2005.
Uma das obras da exposição foi “Lunchtime”, acrílico sobre tela, 80 x 100 cm — e é uma das pinturas que marcou um ponto alto pessoal de realização para mim.

La Experiencia de Pintura en la Alhambra – Retiro Artístico de 5 Días con Daniel en Granada, España

"Eu ao lado de 'Lunchtime', acrílico sobre tela, 2003 – uma pintura que fez parte da exposição em Málaga de 2005, à qual me referi acima."

5. Quando você se sente mais produtivo?

Costumo trabalhar mais nas manhãs. Tenho sorte de conseguir manter uma certa constância; geralmente tenho uma lista de coisas que gostaria de fazer — o problema é simplesmente não haver tempo suficiente.

6. O que ou quem te inspira?

Ter uma ideia ou uma visão estética que quero expressar é o que me inspira. Essa ideia ou visão pode surgir literalmente de qualquer lugar. Muitas vezes sou tocado por temas sociais, mas também posso me inspirar puramente por uma questão estética.
Outros pintores — tanto contemporâneos quanto mestres do passado — também me inspiram, ao ver seus trabalhos e perceber o que é possível criar.

Embora minha lista de pintores favoritos seja bem longa, para dar uma ideia, entre os mais conhecidos que eu realmente amo estão: Sargent, Waterhouse, Seago e Mucha.

La Experiencia de Pintura en la Alhambra – Retiro Artístico de 5 Días con Daniel en Granada, España

"A La Mucha", uma pintura inspirada no pintor tcheco Alfons Mucha, óleo sobre tela, 2022.

7. Em quais "pequenas" coisas você encontra mais alegria?

No mundo da arte, simplesmente alcançar um efeito estético que eu gosto, por mais simples que seja — na verdade, muitas vezes, quanto mais simples, melhor!

Outra fonte de alegria é compartilhar a apreciação pela criatividade com pessoas que pensam de forma parecida; isso aproxima as pessoas e dá uma verdadeira fé na humanidade. Isso, combinado com um bom café ou uma taça de vinho, cria um momento maravilhoso.

Caminhar por Granada e apreciar as vistas incríveis da Serra Nevada — e, claro, da Alhambra — é outro prazer ao qual tenho o privilégio de ter acesso constante.

Mais duas coisas que me vêm à mente: o interior da Inglaterra e o espetáculo do esporte.

La Experiencia de Pintura en la Alhambra – Retiro Artístico de 5 Días con Daniel en Granada, España

"Foto minha com a Alhambra, 2025"

8. Você tem uma visão ou objetivo pelo qual está trabalhando?

De forma geral, simplesmente pintar e gravar melhor. Sempre se trata da próxima obra e de tentar criar algo realmente especial. O “Santo Graal” da arte, para mim, é produzir algo que não seja apenas bom, mas verdadeiramente especial. É tão difícil — e tão simples — quanto isso.

Outro objetivo seria lançar o The Alhambra Painting Experience. Trata-se de uma semana de férias criativas que criei, onde as pessoas vêm a Granada para pintar a Alhambra comigo.
Acredito que esse projeto tem um potencial enorme para reunir muitas pessoas, gerar muitas obras lindas e criar memórias felizes. É algo que estou desenvolvendo agora junto com a subcultours como uma parceira valiosa.

9. O que é uma vida bem vivida para você?

Para mim, seria uma vida criativa que eu possa compartilhar com outras pessoas, e na qual eu consiga "retribuir" à sociedade/humanidade em sincera gratidão por ter tido a sorte de passar tanto tempo fazendo algo que amo tanto.
Não sei exatamente como farei isso, sendo bem honesto, só espero que um dia alguma ideia surja.

10. O que você faz quando se sente “travado”?

Se estou realmente travado por causa de algum problema técnico, eu me afasto da pintura e a deixo de lado. Talvez eu consulte outros pintores ou uma obra específica. Mas, no geral, simplesmente sigo em frente como posso.
Isso faz parte da jornada — é o charme da feira!

La Experiencia de Pintura en la Alhambra – Retiro Artístico de 5 Días con Daniel en Granada, España

"Foto minha no meu ateliê, 2025"

11. O que é liberdade verdadeira para você?

Estar livre de preocupações financeiras e ter tempo para pintar o que eu quiser, quando eu quiser, sem distrações. Isso — e manter a vida o mais simples possível, por mais impossível que isso pareça.

12. Qual é o seu sentimento favorito?

Um dos melhores sentimentos da vida, para mim, é descer ao meu ateliê pela manhã, olhar para uma pintura em que estou trabalhando e simplesmente gostar do que vejo. É difícil explicar, mas acho que é uma mistura de empolgação, realização e esperança.

Também tem aquele sentimento ao ver qualquer obra artística que seja realmente boa — pode ser uma pintura, uma música... na verdade, qualquer coisa que seja bela e expressiva — que eleva meu espírito e me dá uma sensação de alegria.

La Experiencia de Pintura en la Alhambra – Retiro Artístico de 5 Días con Daniel en Granada, España

"Pintura a óleo da Alcáçova da Alhambra"

13. Qual é o seu sentimento menos favorito?

Culpa. Sentir que estou sendo indulgente demais. Que passei tanto tempo pintando... e para quê?

14. Do que você mais tem medo?

Isso tem tudo a ver com a pergunta anterior 😊.
Que eu literalmente tenha desperdiçado milhares de horas e euros produzindo obras com pouco valor, e que não consiga encontrar um bom destino para elas.

15. Qual é o seu filme favorito?

Durante um tempo eu não conseguia responder a essa pergunta, há tantos filmes bons. Então vou seguir o caminho da nostalgia e citar um filme que gosto muito e que revi recentemente. Já mencionei que estudei na Universidade de Londres no início dos anos 90 e depois trabalhei lá, então vou escolher “Um Lugar Chamado Notting Hill”. É um filme bem típico daquela década: leve, bem feito, com uma trilha sonora legal, ambientado em Londres — uma cidade que adoro — e de uma época em que o mundo parecia muito menos louco do que está agora.

16. Qual livro você recomenda muito (o primeiro que vem à sua mente)?

Essa também é difícil. No início dos meus 20 anos, muito antes de me apaixonar pela pintura, achei que talvez quisesse ser escritor. Um dos principais responsáveis por esse desejo foi o autor Ernest Hemingway. Foi ele que me fez querer escrever. Então vou recomendar uma das obras-primas dele: “Por Quem os Sinos Dobram”, um livro que li pela primeira vez quando morei em Madri por um ano e meio, em meados dos anos 90.
Ambientado na Guerra Civil Espanhola, faz observações profundas sobre a natureza humana com uma prosa única e poderosa.

17. Se você pudesse ouvir apenas uma música pelo resto da vida, qual seria?

Essa é uma pergunta praticamente impossível — há tanta música que amo! Mas, de cabeça, algo calmo, positivo e bonito… talvez “Three Little Birds” do Bob Marley.

18. Seu prazer culposo favorito?

Arte, claro. Mas em uma nota mais leve… sou formiguinha! Então vou dizer chocolate, embora eu tente comer chocolate com alto teor de cacau para aliviar um pouco a culpa 😄

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Obrigada, Daniel,
por dedicar seu tempo para responder nossas perguntas com tanto coração e reflexão. Suas palavras realmente nos inspiraram.

Para todos vocês aí que gostariam de conhecer o Daniel pessoalmente, criar e aprender com ele — é possível reservar uma vaga em um dos seus próximos Retiros Artísticos em Granada, na Espanha.
Se precisar de dicas de hospedagem, ficaremos felizes em ajudar com recomendações!

Até a próxima — continue curioso, continue criativo e siga criando coisas lindas.

Com carinho,
Katja

Fundadora e proprietária da subcultours.com

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